terça-feira, 4 de fevereiro de 2014


A FALÊNCIA DO ESTADO BRASILEIRO

 

JUACY DA SILVA

 

Alguém pode dizer que a crise por que passa o Estado brasileiro é uma crise quase que universal porquanto outros países com diferentes regimes e sistemas políticos também enfrentam problemas e desafios mais ou menos parecidos com o que ocorre em nosso país.

Todavia, não podemos nivelar as coisas por baixo, ou seja, não é porque tantos outros países são dominados pela corrupção, pela violência e por baixa qualidade de vida que nós vamos ficar orgulhosos, como às vezes costuma dizer o Presidente Lula, por

estarmos em companhia desses problemas. A indagação que se faz é:Porque não nos espelharmos nos bons exemplos?

Por exemplo, é lamentável quando o mais alto mandatário nacional ao invés de se indignar com o que acontece na vida política e administrativa diz que todos os partidos fazem caixa-dois, que nunca se combateu tanto a corrupção no país e que isto vem de outros governos, esquecendo-se de dizer que boa parte dos corruptos pegos com a boca na botija fazem parte de seu partido (PT) e de outros que lhe dão apoio no Congresso.

Outra assertiva do Presidente Lula é dizer que todos são inocentes até prova em contrário, só que os indícios levantados pela Polícia Federal e pelo Ministérios Públicos Federal e Estaduais são bem claros e nada acontece devido aos privilégios da elite dominante e pela morosidade da Justiça, que leva anos e décadas para conseguir colocarcorruptos na cadeia.

No momento em que não se fala em outra coisa a não ser das eleições municipais no ano que vem e a sucessão nacional em 2010, seria bom que o povo deixasse de ficar preso as chamadas “realidades virtuais”, boa parte criada pela mídia e propaganda governamentais, para quem o Brasil é um país maravilhoso, com um povo feliz, com índices de qualidade de vida e de serviços públicos que fazem inveja aos países do primeiro mundo e fosse exigido dos candidatos a futuros governantes propostas concretas, com metas, datas para conferir, indicadores qualitativos e quantitativos para que o progresso em cada área e em todas as áreas da administração pública possa ser comparado com as necessidades e aspirações do povo.

Neste artigo vou apenas relacionar os 10 pontos que representam a falência do Estado brasileiro, aqui entendido como todo o aparato público da União, dos Estados e Municípios e também dos entes vinculados, como estatais, fundações ou autarquias.

Oportunamente apresentarei dados que confirmem minha argumentação de que o Estado brasileiro está mais do que falido e só não vê isso nossos governantes incapazes, insensíveis ou que sofrem de delírio alucinatório e virtual.

Os custos dessa ineficiência e falência institucional brasileira é enorme e estão mais do que na cara, refletidos na insatisfação e no sofrimento do povo, apesar do delírio de nossas autoridades que imaginam o contrário, visão esta que parte dos próprios umbigos, da vaidade e da insensibilidade dos governantes brasileiros.

Este é o decálogo dos indicadores da falência institucional brasileira:

1) Insegurança generalizada, crescimento da violência, domínio do crime organizado;

2) Caos na saúde pública;

3) Desorganização e déficit da previdência pública;

4) Expansão urbana desordenada;

5) deterioração da infra-estrutura;

6) índices ainda elevados de desníveis sociais, regionais e setoriais;

7).déficit habitacional e precariedade dos serviços de saneamento;

8) baixa qualidade do ensino público e privado;

9) corrupção generalizada,

privilégios para as elites e exclusão social e econômica para os pobres;

10) gestão burocratizada, arcaica, ineficiente, aberta para práticas corruptas e altamente onerosa ao bolso do contribuinte. Um outro aspecto que representa o pano de fundo onde este cenário ocorre é a degradação ambiental, afetando todos

os setores e regiões do país.

Cabe ressaltar que também existe um emaranhado entre esses aspectos, tornando a solução extremamente difícil, principalmente quando se constata a perpetuação e a dominação das mesmas elites no poder ao longo de décadas, pouco importando se o sistema de governo é civil ou militar, “democracia” de fachada ou ditadura, de esquerda ou direita.

O Brasil além de um choque de gestão ou de competência em relação às elites governantes, necessita também de um choque ético, moral e de vergonha por parte de governantes que continuam com suas demagogias e se apropriando do Estado para fins de enriquecimento pessoal, familiar e de grupos!

 

JUACY DA SILVA, professor universitário, tituar e aposentado ufmt, mestre em sociologia. Colaborador de A Gazeta. E-mail professorjuacy@yahoo.com.br  Twitter@profjuacy-

domingo, 2 de fevereiro de 2014


OBAMA  E O CONGRESSO AMERICANO

JUACY DA SILVA

Como acontece todos os anos, no final   de janeiro, os Presidentes dos EUA dirigem-se ao Congresso para apresentar um balanço da situação nacional, incluindo os desafios que devem enfrentar e as propostas  para supera-los. Este é “ESTADO DA UNIÃO”, na visão do chefe do Poder Executivo.

Este é o quinto balanço que OBAMA apresenta  ao Congresso. Durante seus primeiros quatro anos enfrentou uma das maiores crises econômicas e financeiras que  os EUA  já experimentaram nas últimas décadas ,além de duas guerras simultâneas no Iraque e no Afeganistão,  herdadas de seu antecessor G.W.Bush, do Partido Republicano.

Além dessas duas crises, também tem enfrentado  desafios em sua política externa como o combate ao terrorismo e o prospecto  de crises localizadas no Oriente Médio e Norte da África, a chamada primavera árabe, a Guerra civil na Síria, potencializadas pela  avanço do programa nucler iraniano e da Coréia do Norte.

No contexto internacional, depois de alguns reveses, Obama apresenta como resultados positivos a morte de Bin Laden e a desarticulação parcial da rede terrorista Al Qaeda; a derrubada das ditaduras no Egito e  Líbia, o fim da Guerra no Iraque e o  do fim da intervenção no Afeganistão em 2014. Outra notícia que apresentou como positiva foi o encaminhamento para a solução do programa nuclear iraniano, mediante acordo, para remover as barreiras econômicas e financeiras impostas aquele país, o mesmo acontecendo com a  ameaça nuclear da Coréia do Norte.

No plano interno podem ser destacados como aspectospositivos a recuperação da economia, mesmo que um tanto lenta mas com sinais de fortalecimento; os índices de desemprego na maior parte das regiões foram reduzidos de forma significativa; a política energética, com foco na produção de gas de xisto, pode de fato significar a independência dos EUA colocando o país como exportador de energia. Outro aspecto é recuperação do mercado imobiliário que também tem dado sinais de estar voltando aos patamares anteriores a crise, incluindo a valorização dos imíveis, que sofreram uma grande depreciação em decorrência da crise. Aos poucos também a reforma da saúde vai progredindo e já possibilitou a inclusão  de  milhões de pessoas que não tinham qualquer proteção nessa área.

Todavia, o maior desafio de Obama é a oposição republicana que domina a Câmara e a escassa maioria que os democratas têm no Senado que muito dificultam as relações com o Congresso. Esse fator  tem sido a pedra no sapato do Presidente que tem tido dificuldades para  aprovar suas propostas relativas ao orçamento; as  reforma da saúde e  imigratória e outros programas sociais e de desenvolvimento científico e tecnológico.

Como o prestígio do Presdiente  perante a opinião pública não anda muito bem e tendo em vista que a partir deste ano tem início as articulações para  as eleições do meio de mandato, quando vários governos estaduais, deputados e senadores terão que enfrentar as urnas,  a escolha do futuro presidente começa a fazer parte do tabuleiro politico.

Em uma jogada um tanto arriscada, Obama resolveu  confrontar o Congresso e afirrmou que irá realizar  uma série de ações,  “com  ou sem o apoio” do Legislativo, usando seus poderes presidenciais vai aumentar o salário mínimo para mais de dez dolares por hora nos contratos  do Governo, no que poderá  ser seguido  por vários governadores democratas, como forma de ampliar a  renda média do trabalhador e o poder aquisitivo do Mercado interno. Esta medida poderá também ser uma forma de pressão para que o Congresso também  eleve o   valor do salário mímino nacional.

Obama também se mostrou determinado em relação `as medidas para combater a desigualdade de renda entre as camadas sociais, a estimular a produção automobilistica que utilize fontes alternativas de energia, a apoiar mais diretamente a educação e a implementar de forma mais acelerada a  implantação das  reformas da saúde e imigratória

Dentro de poucas semanas as pesquisas de opinião pública deverão dizer se a população está convencida das propostas   apresentadas por OBMA e se o país está no rumo certo para voltar a crescer de forma sustentável e continuar ocupando seu espaço no cenário internacional. Disto depende o futuro dos democratas na Casa Branca.

JUACY DA SILVA, professor  universtário, titular e aposentado  UFMT, mestre em   sociologia, Email professor.juacy@yahoo.com.br   Blog www.professorjuacy.blogspot.com