domingo, 16 de setembro de 2007

OS AMIGOS DE LULA

Os amigos de Lula
Juacy da Silva
Há pouco mais de dois anos o país ficou chocado com uma denúncia de extrema gravidade feita pelo então deputado Roberto Jefferson, segundo o qual parlamentares federais recebiam uma propina mensal, daí o nome de mensalão, para votarem de acordo com os interesses do governo Lula.
A denúncia era conseqüência de reportagem mostrando ao público um dirigente dos Correios recebendo propina, coisa quase insignificante quando comparada com algumas mordidas nos cofres públicos. O citado dirigente era um dos indicados políticos do PTB, partido de Roberto Jefferson.
A denúncia-bomba gerou uma CPI e em sua esteira diversos parlamentares acabaram cassados ou renunciaram aos mandatos e um verdadeiro mar de lama veio à tona, envolvendo desde a cúpula do PT (partido que sempre fez discurso e plataforma em torno da ética na política), o ministro forte do governo, considerado por muitos como eminência parda ou "czar" do governo Lula e vários outros dirigentes partidários, marqueteiros, banqueiros e outros serviçais do poder.
Por mais que o governo Lula e os envolvidos tenham tentado ao longo desse tempo desqualificar as denúncias, coube à Procuradoria-Geral da República investigar e oferecer a denúncia do que passou a ser considerada a máfia do mensalão, que por ironia são 40, chegando alguns a fazer referência a Ali Babá e os quarenta ladrões!
Nesta semana, após três dias de julgamento, o Supremo Tribunal Federal acatou as denúncias do procurador-geral da República, contra todos os acusados. A partir de agora os outrora figuras importantes da República, todos amigos de Lula, de seu partido ou de partidos aliados, gurus, marqueteiros e operadores de esquemas fraudulentos passarão a ser réus e deverão responder civil e criminalmente pelos delitos cometidos.
Contra os mesmos pesam acusações que, não fossem esses delinqüentes tão importantes gozando de foro privilegiado, em breve poderiam estar na cadeia ou até mesmo devolvendo o dinheiro surrupiado dos cofres públicos, banidos para sempre da vida política nacional.
Esses mafiosos passarão a responder pelos crimes de corrupção ativa, passiva e peculato com pena de 2 a 12 anos de prisão mais multa; lavagem de dinheiro, com pena máxima de dois anos; formação de quadrilha cadeia de um a três anos; gestão fraudulenta, prisão de três a 12 anos e, evasão de divisas, pena máxima de 6 anos.
Todavia, tendo em vista os meandros da justiça brasileira, os privilégios, poder e influência que esses mensaleiros gozam dificilmente o povo terá a alegria de vê-los em uma prisão. Muitos ou quase todos por serem réus primários terão suas penas reduzidas ou até mesmo prescritas, conforme opinião do ex-presidente do STF, ministro Carlos Velloso.
Finalmente, fica uma questão que nunca foi respondida: se o mensalão surgiu para pagar parlamentares para que os mesmos votassem no Congresso a favor dos interesses do Governo Lula, será que o mesmo nunca teve nada a ver com esses crimes?
Só o tempo e a história poderão dar a resposta! Até lá, outros escândalos vão continuar surgindo enlameando a nossa vida política, para vergonha e tristeza do povo brasileiro. A única esperança que resta é o povo, a opinião pública e os meios de comunicação continuarem uma ação fiscalizadora das ações de nossos governantes e dos partidos políticos, aguardando que o Ministério Público e a Justiça consigam, um dia, colocar os corruptos e criminosos de colarinho branco no lugar que merecem: a cadeia.
Desmoralização das instituições
Juacy da Silva
Ao longo dos últimos anos, apesar do Brasil não estar vivendo sob um regime de exceção, como aconteceu durante o período militar, o povo brasileiro simplesmente vai perdendo a fé e a confiança, não apenas em seus governantes e na classe política, nas instituições em geral.
O processo de desmoralização de quase todas instituições, incluindo os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e outros mais, a longo prazo é extremamente nefasto para a consolidação da democracia e para o desenvolvimento do país.
Este processo de desmoralização é fruto de práticas corruptas, ineficientes e, acima de tudo, pelo descaso que a elite política e econômica, governantes e gestores públicos, em todos os escalões têm em relação aos anseios, às aspirações e às necessidade do povo brasileiro.
Para o povo, e isto tem sido constatado em inúmeras pesquisas de opinião pública com muita frequência, este descaso é um verdadeiro soco na cara de cada contribuinte, cada eleitor, de cada consumidor e de cada cidadão ou cidadã.
O povo paga uma imensa carga tributária e em troca recebe muito pouco em termos de serviços públicos de qualidade. O caos na saúde, a violência, o subemprego, a miséria e outras mazelas são o retrato deste descaso. Mas o pior mesmo é saber que as instituições, principalmente as políticas, acabam se transformando em verdadeiras sinecuras, onde são realizadas negociatas, tendo como moeda de troca verbas orçamentárias, as famosas emendas, a promiscuidade entre empresários e representantes políticos, ocupação de cargos públicos através de indicados e apaniguados, cuja missão maior em vários casos é serem pontas-de-lança para as diversas maracutaias.
O caso Renan e o que tem acontecido no e com o Senado da República, instituição que no passado gozava de confiança e era constituído por figuras exponenciais de nossa história como um Rui Barbosa e tantos outros, nos últimos tempos tem se caracterizado como um ninho de cobras, chegando ao que o senador Demóstenes Torres disse após a sessão em que 40 companheiros do ínclito senador o absolveram das acusações de quebra de decoro: "Esta casa está mais suja do que pau de galinheiro".
Em passado recente, Lula, antes de chegar aos píncaros do poder, dizia que no Congresso Nacional havia 300 picaretas. Mais recente, o procurador-geral da República denunciou e o STF acatou denúncia-crime contra 40 mensaleiros, e inclusive algumas pessoas faziam paralelo com o "Ali Babá e os 40 ladrões". Agora surgiram, novamente, 40 ilustres senadores que, aliados a 6 que se acovardaram e ficaram em cima do muro, possibilitaram que Renan Calheiros ficasse livre da guilhotina da cidadania que seria a cassação de seu mandato.
A quem interessa esta desmoralização do Senado enquanto instituição? Certamente que não interessa nem à democracia, nem ao povo e nem aos Estados. Um Legislativo fraco e desmoralizado interessa a mentes doentias, aos corruptos, aos candidatos a ditadores e a partidos de fachada. Não é por acaso que o Congresso do PT há poucas semanas aprovou a tese de extinguir o Senado, convocar uma Constituinte exclusiva para fazer as reformas políticas, já que o atual Congresso, nesta visão, não tem legitimidade e nem representatividade.
Finalmente, quem mais ganhou com esta desmoralização do Senado e por tabela de todas as instituições políticas, foi Lula, cuja sede de poder a cada dia se monstra mais desmesurada e que constrói suas alianças através desses processos escusos e coloca o Senado no foco da atenção da opinião pública, reduzindo as críticas ao seu governo e suas pretensões continuístas.
Muita gente tem falado que estamos vivendo uma escalada golpista por parte do PT e do governo Lula, e para isto, um Senado desmoralizado seria o primeiro passo para ampliar o seu populismo desenfreado!
Juacy da Silva é professor universitário, mestre em sociologia e colaborador de A Gazeta. E-mail professorjuacy@yahoo.com.br - Blog www.professorjuacy.zip.net

DESAFIOS DO PRESENTE

O cenario politico brasileiro na atualidade esta demonstrando que o povo ja anda cansado de ser ludibriado e manipulado pelas elites dominantes. A chegada de Lula, do PT e de seus aliados ao poder central no Brasil, longe de representar uma transformacao de metodos e praticas da acao politica, ampliou os espacos de barganhas e a troca da favores e o uso da maquina publica para fins do exercicio do poder.
Este processo que tem se pautado pela cooptacao de parlamentares e outros representantes da classe politica tem contribuido para o enfraquecimento das instituicoes politicas, principalmente os partidos politicos e o poder legislativo, tem estimulado a corrupcao e gerado o decredito popular em relacao a politica.
De outro lado, Lula mirando na imagem de Vargas, como sempre faz questao de mencionar, baseia seu governo num pacto diabolico. De um lado, faz alianca com as elites economicas, com as forcas conservadoras, com os usineiros e latifundiarios e, de outro, distribui migalhas a populacao pobre atraves de politicas assistencialistas, compensatorias e um paternalismo sem limites.
Essas politicas exploram a miseria, a ignorancia, o analfabetismo politico e a alienacao das massas e do lumpem-proletariado.
O Brasil esta diante de um modelo extremamente nefasto, onde a perpetuacao deste grupo no poder pode levar o pais a um retrocesso politico ao inves da consolidacao da democracia.
A impunidade ganha foro de licitude; as injusticas se aprofundam, a inseguranca amedronta o povo em seu cotidiano e a insensibilidade das elites pelos desastres ambiental, social e moral demonstra que estamos vivendo em um estado que demonstra um apetite voraz em termos de carga triburaria, sem que os impostos que o povo paga resultem em servicos publicos de qualidade e de carater universal.
O Brasil necessita mais do que nunca de JUSTICA e SOLIDARIEDADE, como bases para um desenvolvimento ambientalmente sustentavel, economicamente viavel e socialmente justo, caso contrario estaremos construindo o pais com algumas ilhas de privilegios e grandes bolsoes de miseria e violencia.
Cuiaba, 16 de Setembro de 2007